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Abastecimento de combustível em SP só volta ao normal em uma semana, diz sindicato

Do UOL, em São Paulo

08/03/2012 08h46Atualizada em 08/03/2012 10h02

Uma semana é o tempo mínimo necessário para que volte ao normal o abastecimento nos postos de combustíveis da capital paulistana. A previsão é do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro), que apelou ao prefeito Gilberto Kassab (PSD) para que suspenda temporariamente a restrição de circulação a caminhões em qualquer hora e qualquer via da cidade, para apressar a regularização do fornecimento. A prefeitura, porém, negou o pedido.

Hoje os caminhões-tanque começaram a deixar as bases de distribuição de combustíveis, localizadas no bairro do Ipiranga, em SP, e nos municípios de Barueri, Guarulhos e São Caetano do Sul. Isso porque na noite de ontem, os caminhoneiros encerram a greve e voltaram ao trabalho, pedindo ajuda da polícia para escoltar os veículos. Com isso, o reabastecimento começa aos poucos, mas os postos ainda sofrem com a falta de combustível. O Sincopetro ainda não divulgou um balanço oficial dos postos já que dirigentes estão reunidos para discutir o assunto. A polícia deve divulgar no começo da tarde o número de escoltas realizadas.

A paralisação dos caminhoneiros gerou o desabastecimento dos postos. Ontem, com o retorno gradual do trabalho de alguns dos motoristas autônomos, apenas dois milhões de litros, 5% do combustível que é vendido diariamente na Grande São Paulo, foram distribuídos --mas a prioridade foi dada aos serviços de emergência, sendo que apenas 10% foram para os postos de combustível.

Em entrevista coletiva na tarde de ontem, José Alberto Gouveia, presidente do Sincopetro, disse que a gasolina estava zerada. "100% dos cerca de 2.100 postos da Grande São Paulo estão com o estoque de gasolina zerado e devem zerar ainda hoje [ontem] o estoque de álcool e diesel", disse. Cidades do interior também tiveram problemas.

Desde a segunda-feira (5), caminhões estão proibidos de circular na marginal Tietê e em 27 importantes vias da capital entre as 5h e as 9h e das 17h às 22h. A restrição foi decidida no ano passado, mas apenas na última segunda-feira (5) as multas começaram a ser aplicadas –o que motivou uma paralisação dos caminhoneiros autônomos, liderados pelo Sindicam (Sindicato dos Transportadores Autônomos de Bens do Estado).

Retorno com escolta

Como divulgado pelo Sindicam em nota, os caminhoneiros que fazem o transporte de combustível voltaram ao trabalho na madrugada desta quinta-feira (8), mas somente sob escolta da Polícia Militar.

Desde o início da madrugada, vários caminhões-tanque deixaram a distribuidora Rayzen Combustíveis, localizada na avenida Presidente Wilson, próximo ao nº 6.000, no Ipiranga, zona sul da capital, uma das principais do Estado. Mas, segundo as primeiras informações, somente estão deixando a distribuidora, que presta serviço para a Shell e para a Esso, os veículos que contam com a escolta de um carro da PM.

Vários carros da Força Tática e da 2ª Companhia do 46º Batalhão estão em frente à distribuidora. Após uma reunião com dirigentes das entidades que representam os caminhoneiros, ficou combinado que os motoristas iriam cumprir a determinação judicial, mas que só sairiam dos pátios com escolta. Para tanto, o Sindicam protocolou um pedido formal no Comando Geral da PM.

MP irá investigar se paralisação é ilegal

A Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social abriu inquérito para apurar se a paralisação do transporte de combustíveis na região metropolitana de São Paulo é ilegal. Para o MP, o abastecimento de combustível é um serviço essencial e, por isso, não passível de greve. O promotor Fabrício Tosta de Freitas, que cuidará do inquérito, também deverá apurar se a paralisação dos caminhoneiros causou prejuízos ao funcionamento da cidade e aos serviços de transporte público, além de apurar gastos desnecessários dos cofres públicos e da população.

Preços abusivos

Até o começo da noite da quarta-feira (7), nove gerentes de postos haviam sido detidos pelos preços abusivos cobrados nas bombas devido à falta dos combustíveis.

A Fundação Procon-SP está recebendo denúncias sobre os abusos e, até a tarde de ontem, 42 casos foram registrados apenas na capital. O órgão esclarece que, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor, é considerada como prática abusiva “elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços”.

“É muito importante que o consumidor exija a nota fiscal e denuncie. Na capital a denúncia pode ser feita pelo telefone 151”, afirma o Procon. O diretor executivo, Paulo Arthur Góes, informa que as denúncias serão investigadas pelo órgão e “se confirmada a conduta, o posto será multado e o caso encaminhado ao Ministério Público, para análise da questão criminal”. O valor da multa varia entre R$ 400 a R$ 6 milhões.